A Presentação do Cordel de Agosto de 2012 o escritor Geraldo Brasileiro de Jesus, visitou a nossa escola, e leu um dos seus cordel chamado "A Mulher Cabra e o Lobisomem " do seu livro "Quimera ".
Os voluntários aproveitaram e fizeram um sarau do cordel "O Que é Folclore? " do livro " Patativa do Assaré " do autor " Antônio Gonçalves da Silva ", a professora Iara e Solange Tex mostraram a arte do artesanato.
Sarau do cordel O Que é o Folclore?
O que é folclore?
De conservar o folclore
Todos têm obrigação,
Para que nunca descore
A popular tradição
Os homens de grande estudo
Como Mainá e Cascudo
Guardam sempre nos arquivos
Populares tradições,
Cantigas, superstições
E costumes primitivos.
Você, caboclo, que cresce,
Sem instrução nem saber,
Escuta, mas não conhece
Folclore o que quer dizer;
O folclore é um pilão,
É um bodoque, um pião,
Garanto que também é
Uma grosseira cangalha
Aparelhada de palha
De palmeira ou cato lé.
Posso lhe afirmar também
Folclore é superstição
O medo que você tem
Do canto do corujão.
Folclore é aquele instrumento
Para o seu divertimento
Que chamamos berimbau,
E também a brincadeira
Ritmada e prazenteira
Chamada Maneiro-pau.
Folclore, meu camarada,
Ouvimos a toda hora,
É estória de alma penada
De lobisomem e caipora.
Preste atenção e decore,
Pois, com certeza, folclore
Ainda posso dizer
Que é aquele búzio de osso
Que você põe no pescoço
Do filho pra não morrer.
É o aboio magoado
Do vaqueiro na amplidão,
É o festejo animado
Da debulha de feijão,
Carro de boi e gaiola
E desafio, à viola,
Do cantador popular.
E também a toadinha
Da Ciranda-cirandinha
Vamos todos cirandar.
Eu e você que vivemos
No nosso pobre sertão
Muitas coisas inda temos
Da popular tradição;
Além de outras, o girau
E a carrocinha de pau
Em vez de bonito carro.
Que prazer, satisfação,
A gente comer pirão
Mexido em prato de barro!
E agora, prezado irmão,
Estes versos lhe dedico,
Lhe dei alguma noção
Do nosso folclore rico.
Não posso continuar,
Pois nada pude estudar,
De dentro do tema saio.
O resto lhe dirá tudo
Romão Folgueira Sampaio,
Mainá e Câmara Cascudo.
Patativa do Assaré/Antônio Gonçalves da Silva
A Arte do Artesanato
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Solange Tex Professora de Artes da Escola Kakonozuke "Publicou um livro e apresentou na bienal do livro" |
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Iara e Solange Tex |
Escritor do livro Quimera, Geraldo Brasileiro de Jesus
A leitura do Cordel "A Mulher Cabra e o Lobisomem "
A Mulher Cabra e o Lobisomem
Pessoal desta platéia
Meu senhor, minha senhora
Preste muito atenção
No que vou dizer agora
Quem tem coragem se sente
Quem tem medo vá embora
Que não tem boa saúde
Ou mesmo disposição
Eu peço que se retire
Não me der ouvido não
Tá arriscado a ficar doido
Ou morrer do coração
O que aconteceu comigo
Eu não desejo a ninguém
Para mim foi um castigo
Em duvidar do além
Não acreditava em nada
Nem se quer dizia amém
Passava da meia-noite
Quase meia-noite e meia
Era sexta-feira treze
Em noite de lua cheia
Cavalgava meu cavalo
E parei prá descansar
Não esperava no entanto
O que ia encontrar
Foi num pequeno lugarejo
Perto de Piracicaba
Sem quer veja o que vejo
uma mulher vira cabra
cruz credo meu Pai Eterno
Disse eu apavorado
Isso é coisa do inferno
Eu estou sendo julgado
Fiquei todo arrepiado
de ver aquele pavor
Lá em cima do telhado
um gato se assustou
Deu um miado e fugiu
O boi de longe mugiu
E o cachorro se acuou
Meu cavalo relinchou
E correu em disparada
Pulando a cerca de arame
Deixando-a toda quebrada
Mas não parou por aí
Quando tudo se acalmava
O que vejo em minha frente
Um animal cheio de raiva
Era o tal do lobisomem
Metade dele era bicho
A outra metade homem
A mulher que virou cabra
Começou a berrar "méééé"
O bicho se esponjava
Ao mesmo tempo babava
Fuçando o pé de café
Parecia um ritual
Que não sei dizer o nome
Rolaram os dois na poeira
Mulher cabra e lobisomem
A cabra berrava forte
O lobisomem uivava
Na luta de vida ou morte
Os dois se engalfinhavam
A coruja que estava pousada
Bateu asas e vôo
Assustando o morcego
Que também lhe imitou
Rezando me ajoelhei
Rezei com muito fervor
Pedindo a todos os santos
Que acabasse os encantos
E tudo se acabou
valeu a forte oração
Que fiz ao Nosso Senhor
Já era de manhãzinha
Tudo voltou ao normal
O dia que clareava
O galo preto cantava
A galinha cacarejava
Com seus piritinhos a ciscar
Naquele imenso quintal
A cabra virou mulher
Estava toda empoeirada
Foi tomar banho no rio
E lavar a cara inchada
Já o bicho lobisomem
Me deixou impressionado
Levantou-se rebolando
O cara não era homem
O danado era viado
Fui procurar meu cavalo
Que se embrenhou no mato
Achei e me deu trabalho
Estava cheio de carrapatos
Saí daquele lugar
Um pouco ressabiado
Nem pra trás eu quis olhar
Estava muito assustado
O que está acontecendo?
Não estou me sentindo bem
Minhas unhas estão crescendo
E os meus dentes também
Estou ficando orelhudo
Uma coisa me consome
meu peito está cabeludo
Estou virando lobisomem!